O fim da vida: morte e luto.

    Ao nascermos todos ficamos sujeitos a um mesmo destino: a morte. Apesar de, provavelmente, nos ser a todos familiar, o tema da morte e do luto é um dos mais difíceis de abordar, causando um grande sofrimento. O termo luto refere-se à perda de uma pessoa (ente querido, familiar, amigo...). Embora o luto possa ser acompanhado de depressão e ambos apresentem uma relação entre eles, torna-se importante demarcar estas duas situações. Em primeiro lugar porque embora não haja luto sem depressão, pode obviamente haver depressão sem luto. Enquanto na depressão o sujeito não sabe muito bem o que perdeu, no luto o indivíduo sabe muito bem que perdeu alguém (embora por vezes, principalmente nos primeiros momentos haja alguma tendência para negar a realidade com o intuito de evitar a dor). O trabalho de luto, cuja duração é variável – o luto normal está fixado em cerca de 9 meses –, consiste em “desinvestir” na pessoa que perdeu para “investir” em novas pessoas. Quando o sujeito não realiza esta tarefa produz um luto patológico. De acordo com os autores da psicodinâmica, o luto patológico tem duas razões de ser: a relação não foi suficientemente vivida (quer por ter sido muito curta – como acontece aos pais de bebés que morrem precocemente – quer por ter ficado aquém das expectativas) ou então o indivíduo prefere viver num falso pressuposto do que a encarar a perda real do objecto. Aquando de uma perda, a primeira reacção passa geralmente pela colocação da culpa no exterior – projecção da culpa. De seguida, o sujeito tende a interrogar-se do que poderia ter feito para evitar a perda, o que geralmente leva a uma inflexão da culpa sobre o próprio – culpabilização – por oposição à idealização do sujeito perdido. Para o sujeito conseguir terminar o trabalho de luto é importante haver uma deflexão da agressividade, na qual o sujeito consegue atribuir alguma culpa ao sujeito perdido que como ser humano que era, tinha características positivas mas negativas, também. Com este reconhecimento evitará a culpabilização do próprio e a idealização do sujeito perdido, passando a conseguir mobilizar esforços para um re-investimento em novas pessoas que levarão nunca ao esquecimento do ente perdido – mas também não é isso que se pretende – mas antes à resolução pacífica do processo de luto.

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