Ciências vs. Senso Comum
Do Senso comum ao Conhecimento Cientifico vai uma grande distância, apesar de que, ao longo dos tempos se tenha verificado uma aproximação. O primeiro baseia-se nos sentidos, crenças, tradições, acredita no que vê ou sente, é fruto das experiências do quotidiano, ou naquilo que se tornou evidente através da evolução da ciência. Esta por sua vez, procura através do raciocínio objectivo, assente na faculdade racional do ser humano e em métodos experimentais, a comprovação daquilo que os sentidos nos mostram. O Senso Comum é um saber que se adquire através da vida que se leva em sociedade, por isso, é um saber informal adquirido de forma espontânea através do contacto com o próximo, com situações e objectos que rodeiam o indivíduo. Apesar das suas limitações, o senso comum é fundamental, sem o qual os membros integrantes da sociedade não conseguiriam orientar-se na sua vida quotidiana. É um saber muito simples, superficial e informal, que não exige grandes esforços nem bases consistentes que atestem a sua veracidade ou proveniência, ao contrário das ciências, que assentam em conhecimentos formais porque requerem um longo processo de aprendizagem/conhecimento. Ou seja, a ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos e factos da realidade (objecto de estudo), expresso através de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programática sistemática, e controlada para que se permita a verificação da sua validade. O saber pode assim ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Ou seja, a ciência caracteriza – se como um processo. Tem ainda uma característica fundamental: ela aspira à objectividade. As suas conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para, assim tornarem – se válidas para todos. Isto é, o objecto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento, objectividade, fazem da ciência uma forma que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum. Sendo assim, há uma “luta” entre o senso comum que se encontra na cauda do processo do conhecimento e a ciência que está na cabeça. A ciência e o senso comum são dois pólos de um mesmo fenómeno. O pólo da ciência apresenta a parte dinâmica do fenómenos que faz o conhecimento evoluir. É a fase construtora do conhecimento. O pólo do senso comum representa a fase conservadora do conhecimento e por isso tem a característica de imobilidade tendendo a se repetir num ciclo fechado, eternamente se não for fecundado pelo dinamismo da ciência.